domingo, 23 de março de 2008

Pirataria na Amazônia

Insegurança. Talvez esta seja a palavra que melhor defina o município de Breves, no Pará, segunda parada do rally transamazônico Iles du Soleil.

Segundo a Polícia Militar, a cidade está localizada na zona vermelha do estado e sobrevive, basicamente, graças ao Fundo de Participação dos Municípios. Porém, hoje, Breves atravessa uma nova crise. Com o fechamento de boa parte das madeireiras ilegais existentes na região, muitas pessoas ficaram desempregadas e, sem qualquer perspectiva de futuro, gente como José da Silva* entraram na criminalidade.

José conta que se deixou levar pelo que ele chama de “circunstâncias da vida”. Aos 21 anos, é pai de três crianças e a esposa de 19 está grávida do quarto filho do casal. Diz que já fez de quase tudo. Plantou açaí, criou galinha, vendeu peixe na feira, mas foi trabalhando em uma madeireira que conseguiu juntar algum dinheiro. Com o pagamento que recebia da extração ilegal de madeiras nobres, comprou um pequeno barco e intensificou os negócios. Mas, aos poucos, o cerco foi apertando e ele se viu encurralado. “O IBAMA [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente] estava na minha cola. Era chave [cadeia] ou fugir. Não tive dúvida, fugi”, revela.

José passou seis meses foragido. Quando voltou para Breves, um conhecido lhe fez uma proposta. “Dinheiro fácil. Me chamaram para ser pirata. E estou nessa vida há um ano”, confessa.

Pirataria é um termo bastante conhecido no Brasil, mas ao contrário do que acontece em outras regiões do país, no Pará, não significa copiar ilegalmente produtos (CDs e DVDs) já patenteados por outras empresas. “Aqui, pirata é o indivíduo que ataca as embarcações que cruzam o rio e saqueia as mercadorias”, explica Josafá Pereira Borges, coronel da Polícia Militar.

De acordo com dados da polícia local, em 2006, foi registrada uma média de 60 assaltos por mês a embarcações. Um número que justifica a sensação de insegurança entre os marinheiros locais. “Graças a Deus nunca fui assaltado por piratas. Mas, se acontecer, o que eu posso fazer? O jeito é deixar que levem tudo e rezar para não morrer”, diz Olivar Isacksson dos Santos.

O coronel Borges conta que outro agravante é a falta de estrutura e contingente policial para garantir a segurança da população. “Atualmente, Breves conta com um efetivo de 90 policiais. Levando em consideração que são aproximadamente 90 mil habitantes na cidade, é só fazer as contas e perceber que é um policial para cada mil pessoas”, desabafa.

Segundo ele, o jeito é trabalhar na base do improviso. “Temos uma lancha aqui que, devido a potência do motor [60 km/h], inibe a atividade dos piratas na região. De qualquer modo está parada há seis meses. Desde de dezembro esperamos uma peça do motor chegar de Belém, mas até agora nada. Aí, temos que correr atrás de bandido bem estruturado, usando os barquinhos locais. Sem dúvida, a falta de estrutura é nosso pior inimigo”, desabafa.

Inimigo de uns, amigo de outros. Enquanto a polícia trabalha com recursos insuficientes, a pirataria dá exemplo de profissionalização. A reportagem conversou com alguns funcionários das balsas que costumam navegar pelos rios paraenses e, sob a condição de não ter o nome revelado, um deles garantiu que, muitas vezes, os assaltos fazem parte de uma espécie de conchave. Um acordo entre piratas e donos de embarcações, onde os piratas ficariam com a mercadoria “roubada” e os proprietários das balsas com o dinheiro pago pelas seguradoras.

A fonte afirma ainda que, a depender do conteúdo da carga adquirida, os produtos são vendidos para empresários da região a preço de banana e que depois são revendidos para a população como produtos legais.

* O nome da fonte foi preservado.

3 comentários:

g.teixeira disse...

A reportagem nos confirma que seja numa zona mais urbana ou numa pequenino e escondido municipio o Brasil território cheio de riquezas padece de um mal terrível a desigualdade social. Parabens pela reportagem

Anônimo disse...

So pra dizer que a conta ta errada.. se sao 90 policiais pra 90000 hab entao é 1 policial pra cada 1000...
Ta fazendo falta aqui filhote.. ve se volta logo!
abraco

Unknown disse...

Precisamos melhorar essa reportagem.Para começar, meu nome foi usado numa reportagem para qual não dei nenhuma informação,tanto é assim que o efetivo de pms não é apenas para a cidade de Breves:É dividido com mais oito municípios.O contingente sediado em Breves esta em torno de 40 Policiais.Breves tem população aproximada de 45.000 habitantes.A lancha é de 230 hp/turbo, atingindo velocidade a de 60Km.A linguagem naútica é nós de velocide para distancia em m ilhas.A pesquisa in loco lhe dara verdade de maior impacto. A patrulha fluvial deteve assaltantes no Curumu e estará amanhecendo em Breves, com o barco dos assaltantes e o produto do assaltao a uma balsa naquele local.Só acesso e-mail uma vez de semana. Meu nome funcional ou de guerra,nao 'e Borges.