quinta-feira, 8 de maio de 2008

índios

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fotos: Pedro Campos

sexta-feira, 2 de maio de 2008

As magrelas de Afuá

É uma coisa de doido. Quando uma lei municipal que proibia o trânsito de qualquer veículo de motor a combustão pelas ruas de Afuá entrou em vigor, ninguém imaginou que tal legislação seria o combustível necessário para dar asas a imaginação dos cerca de dez mil habitantes do local.

Toda construída sobre palafitas de concreto e madeira, a cidade que volta e meia fica alagada nos períodos de alta da maré, hoje, é capital nacional das bicicletas customizadas. E pode acreditar, tem de todo tipo. Dos modelos mais tradicionais – como as boas e velhas Calois de aço – até os adaptados “carrinhos futuristas”.

Neles, o que não falta são apetrechos e guere-gueres [sic]. É dvd, aparelho de som, baterias de até 14 volts, faróis... Tudo para satisfazer a vaidade do proprietário e proporcionar todo o conforto para o...digamos...piloto. “Meu carrinho é minha paixão. Tem luz néon, mp3 e eu só não coloquei ar-condicionado porque o modelo é conversível (risos)”, brinca Carlos Souza, enquanto desfila pelas esquinas da cidade.

A verdade é que esta brincadeira é levada a sério Afuá. Carlos conta que pagou R$ 4 mil pelo modelo e os preços podem ser ainda maiores.

“O meu carrinho todo equipado com som, banco de couro e velocímetro custou R$ 6,500, mas tem gente na cidade que pagou R$ 8 mil”, revela o comerciante Maurélio Pacheco.

Mas pelo movimento da oficina do Luis Alves, o Pelado, o prazer de pedalar em grande estilo compensa o preço salgado das magrelas personalizadas. “Já perdi as contas de quantas biciletas tipo carrinho a gente já fez. O prazo de entrega é de 15 dias, mas tem mês que o povo faz fila para encomendar o veículo”, conta.

terça-feira, 29 de abril de 2008

O rally visto de cima

foto: Pedro Campos

Comida a bordo



Sábio aquele que disse que a melhor maneira de se conhecer um pouco mais da cultura e dos costumes de um lugar é provar os quitutes da região. Nesta vida de marinheiro improvisado, a coisa não é diferente.

Sempre regadas a muita conversa fora e a taças e mais taças de bons vinhos chilenos, espanhóis ou franceses, vamos degustando das melhores guloseimas que esses chefs aprenderam pelos portos por onde passaram neste mundo afora.

São iguarias doces e salgadas de tirar o fôlego deste estômago nordestino que vos fala. Tudo feito com muito esmero pelas jovens senhoras recém aposentadas e que, na presença de um visitante made in Brasil feito moi, se empenham ainda mais nas pequeninas cozinhas dos seus veleiros, para tornar cada petisco um manjar dos deuses.

Merci, madames, pelos quilinhos adquiridos.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Entre o nada e lugar nenhum

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fotos: Pedro Campos

Doutores da natureza

Com o facão na mão, ‘seo’ Abílio avança contra a mata fechada e vai abrindo trilha por dentro do santuário verde absoluto. No rosto marcado pelo sol, traz as cicatrizes de uma vida travada na labuta do roçado. O olho vazado denuncia um passado de brigas de foice na defesa do pedacinho de terra que herdou do pai agricultor.

Além da valentia e da pequena roça, Abílio Vasconcelos de Souza, 47, herdou também um conhecimento raro, digno apenas dos “doutores do mato”, como costuma dizer. Um privilégio para poucos e que vem se perdendo com o passar dos anos. “Tenho dois filhos, mas nunca nenhum deles se interessou em aprender da nossa medicina. Tomara que os filhos do vizinho queiram”, lamenta.

Ele conta que aprendeu ainda criança os segredos da floresta. “Tudo o que nasce nessas terras tem serventia pra saúde. Andiroba, cupuaçu, cupaíba, abricó... É só saber extrair a coisa certa de cada plantinha, que é capaz do sujeito viver cem anos e nunca precisar ir num médico”, diz.

Exageros à parte, a verdade é que os remédios naturais reinam em absoluto nas comunidades ribeirinhas do Pará. Na grande maioria das cidades em que o Rally Transamazônico Iles du Soleil passou era comum encontrar óleos e garrafadas de fabricação caseira, sendo vendidos nas feiras populares da região.

“Pra tudo nessa vida a natureza tem um remédio. Pra próstata, pros rins, fígado, diabetes, hipertensão, anemia, artrite, tosse, moleza, derrame... tudo! Mas se for a hora do sujeito não tem sabedoria que dê jeito. Pode ser doutor estudado ou gente do mato como eu, a única coisa que não tem cura nessa vida é a morte”, profetiza a curandeira do município de Monte Alegre, Maria Maranhense, 62.

Por outro lado, a busca da cura nestes produtos reflete também a ausência de políticas públicas no norte do país e denuncia a falta de assistência médica de qualidade. “Médico por aqui só há 5h de barco a motor e, ainda assim, a gente nunca sabe se vai ser atendido. O jeito é se apegar nas ervas do quintal e fazer como nossas mães e avós faziam”, diz a aposentada Maria de Jesus, 76.

Os Chapolins do Pará

Quase 2 mil km de rio, 56 dias, 24h no ar. Eis a missão.
Traje vermelho, lycra e neoprene. Por aqui, quando o bicho pega e ninguém sabe mais o que fazer, o chamado pelo rádio é imediato e a única coisa que se ouve nos momentos de tensão de um rally transamazônico com este é: BOMBEIROS!

Pode ser debaixo de chuva, no rio revolto, com correntes fortes....nada, absolutamente nada, é capaz de conter a “fúria” destes quatro homens. Rápidos e eficientes, para eles não tem tempo ruim. Assim, o subtenente Jedalias, o sargento Prazeres e os cabos Peixoto e Vinícius conquistaram a simpatia dos mais de cem integrantes do Rallye Iles du Soleil.

Juntos, perderam as contas de quantas ocorrência já foram registradas e de quantas horas de mergulho marcadas nos cilindros de oxigênio. Agora, no caminho para a segunda etapa do percurso pela Amazônia, eles se preparam para enfrentar o maior de todos os inimigos: os terríveis Mururés de Afuá. Seres vivos da espécie vegetal, armados de espinhos venenosos e que tem o incrível poder de danificar as hélices das embarcações.

E agora? Quem levará a melhor, os Chapolins do Pará ou os temidos Mururés de Afuá?

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Vou de táxi

Vou de táxi, você sabe... Tem de 100, de 200, de 500 e de outras tantas cilindradas. Frenéticas, coloridas, conturbadas, rápidas e desengonçadas. “Eita raça...”, grita uma senhora depois do susto de quase ser atropelada.

Pelas cidades que o Rally Transamazônico já passou, eles são uma unanimidade. Não há quem nunca tenha dado um rolê[sic] de Moto Táxi. Nem que tenha sido rapidinho, até a casa da costela desejada ou na volta do mercadinho do João.

Em Monte Alegre [quinta parada oficial do rally] por exemplo, a quantidade de moto taxistas é impressionante. São tantos que nem mesmo a cooperativa criada pelos próprios sabe ao certo quantos Moto Táxis existem no município. “Égua... é moto demais”, ratifica o motoqueiro Rodrigo Mendonça, do alto do inconfundível regionalismo paraense.

"Sinal de tempos difíceis. Muito filho, muita conta, pouco emprego. Aí, já viu. Liga a moto e vamo [sic] para rua”, explica Carlos Santana, pai de seis meninos.

E assim a coisa vai... e vem. Por dois contos, o sujeito é entregue no recinto desejado e ainda poupa as franzinas canelas fatigadas.



terça-feira, 8 de abril de 2008

Novo Horizonte

Já se passaram quatro anos desde que o pequeno Ruan Moura, 12, viu um grupo de velejadores estrangeiros ancorar em frente a casa onde mora com os pais e os dois irmãos. Intrigado, o garoto quis conhecer de perto quem era aquela gente tão diferente, de fala estranha e jeito engraçado. Hoje, nem Ruan ou qualquer outro morador da comunidade de Novo Horizonte, Pará, se espanta mais quando os veleiros do Rallye Iles du Soleil aporta por ali.

Emílio Russel, coordenador do evento, conta que o humilde vilarejo entrou no circuito por acaso, “forças do além”, costuma dizer. “Tivemos problemas com um dos barcos logo aqui em frente e, por uma questão de segurança, achamos melhor passar a noite na comunidade até resolvermos tudo”, lembra.

E assim foi feito. Agora, graças a interação com os moradores do lugar, Novo Horizonte é uma das escalas mais aguardadas pelos turistas europeus. “Acho que este lugar é o que melhor define a cara do Brasil. A hospitalidade das pessoas é incrível e a sinceridade estampada no olhar de cada um é fascinante”, diz o francês Luc.

Se na opinião do velejador a vila é a que melhor retrata o povo brasileiro, Novo Horizonte reflete também a total carência de políticas públicas nos rincões do país. Assim como na grande maioria das escalas do Rally Transamazônico falta saneamento básico, saúde e educação de qualidade para a população. O número de crianças assusta e a quantidade de adolescentes grávidas denuncia a falta de compromisso das autoridades responsáveis.

No vilarejo construído a beira do trapiche, o desemprego reina em absoluto. Dos 225 moradores, mais da metade sobrevive da pesca, das pequenas plantações de mandioca e açaí no fundo do quintal, ou da Bolsa Família – o programa de auxilio do Governo Federal para famílias de baixa renda no valor de R$ 95.

“Temos seis filhos pra dar de comer. Tô [sic] há mais de cinco anos sem emprego fixo, só fazendo bico. Se não fosse essa história da Bolsa Família, não sei como ia fazer”, conta Manoel da Silva, 50.

Pastoral da Criança

Em Novo Horizonte, há também aqueles personagens que, muitas vezes por iniciativa própria, transformam a realidade do lugar onde moram e protagonizam histórias de sucesso. É o caso da Irmã Manoelina Ferreira que, junto a Pastoral da Criança, vai conseguindo reduzir as taxas de mortalidade infantil na região.

Em 2003, quando iniciou o trabalho pelas comunidades ribeirinhas do município de Almeirim, se assustou com a quantidade de jovens grávidas e crianças subnutridas. “Era o retrato da total ignorância e do completo descaso social. Nesses lugares, 90% das crianças morrem por que as mães não são orientadas a cuidar dos filhos da maneira correta. Não se fala da importância da amamentação, do pré-natal ou qualquer coisa do tipo”, revela a irmã Manoelina.

Ela lembra que para combater este mal foi preciso contar com o apoio direto de algumas pessoas. Para isso, foi criada a figura do coordenador, gente de dentro das comunidades e que por estarem inseridas no mesmo contexto social que os outros conseguem orientar e acompanhar melhor o andamento das coisas.

Um bom exemplo disso é a técnica de enfermagem Eliana Moura Batista. Moradora da comunidade de Novo Horizonte há quatro anos, já consegue perceber no dia a dia o resultado das palestras que ministra uma vez por mês na escola comunitária. “Vim morar aqui para trabalhar no posto de saúde. Como o posto nunca saiu do papel e atendimento médico só há 3h de viagem, virei a enfermeira oficial do lugar. Quando cheguei, cansei de fazer parto de menina de 12 e 13 anos. Hoje, graças a Deus e às palestras isso não acontece mais. Conseguimos pílulas anticoncepcionais da Prefeitura de Almeirim e agora temos uma média de sete mulheres grávidas por ano. Metade do que encontrei há quatro anos”, diz.

Além dos alertas sobre a gravidez precoce, a Pastoral da Criança tem um novo desafio pela frente. “Estamos introduzindo a multi-mistura na alimentação das gestantes e das crianças. Assim, vamos erradicar qualquer sinal desnutrição ou anemia e quem sabe em breve acabar de uma vez com mortalidade infantil na nossa região”, diz a esperançosa Irmã Manoelina.
texto e fotos: Pedro Campos

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Europeus na Amazônia

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Fotos: Pedro Campos

Força

foto: Pedro Campos

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Almeirim

O Rallye Transamazone Iles du Soleil chega a Almeirim após um mês de viagem nas águas do rio Amazonas. Em uma noite de céu estrelado, os velejadores europeus foram recepcionados pela população local com uma apresentação do grupo folclórico mais antigo da região - Os Herdeiros de meu pai.

No figurino, saias rodadas e camisas coloridas. O grupo existe há quase um século e virou herança de família. “Tudo começou com nossos bisavós trazidos da África para trabalhar no Brasil como escravos. A música era a única manifestação de alegria que eles tinham e, por uma questão de respeito, honramos essa tradição e passamos este ritmo de geração para geração”, explica Orcina Rocha, uma das integrantes do grupo.

Ao som de chocalhos e tambores de couro, o grupo cativou os velejadores-turistas. “Depois desses quase seis meses viajando pelo Brasil, acho que essa foi a apresentação mais bonita que já vi”, disse o emocionado aventureiro francês, Jean Pierre.

fotos: Pedro Campos

terça-feira, 1 de abril de 2008

População ribeirinha

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Fotos: Pedro Campos

domingo, 30 de março de 2008

Porto de Moz

Quando os primeiros raios de luz surgiram no horizonte da cidade de Breves, os 32 veleiros que participam do Rallye Transamazone Iles du Soleil levantaram as âncoras e zarparam em direção ao município de Porto de Moz, Pará, terceira escala da flotilha.

Para o percurso – que duraria quatro dias e cinco noites – três ancoragens foram estrategicamente programadas. O objetivo era evitar a navegação noturna e diminuir o risco de assaltos no rio. Decisão que acabou gerando agradáveis momentos de interação entre os velejadores europeus e moradores das comunidades ribeirinhas.


Momentos vividos às margens do rio Xingu, como na pequena vila de Vilarinho do Monte, onde a francesa Geraldine, 61, se uniu à paraense Acácia, 52, e, juntas, protagonizaram uma amizade que ambas afirmam ser para toda vida.

Após as mais de 90h de viagem, os 32 barcos aportaram na sexta-feira, 28, em Porto de Moz. Localizado às margens do rio Xingu, o município de 26 mil habitantes é conhecida pelas belas praias de água doce. De acordo com os organizadores do rally, a flotilha permanece na cidade até a próxima terça-feira,
1, quando segue para a cidade de Almeirim, aqui no Pará.


Texto e foto: Pedro Campos

domingo, 23 de março de 2008

Pirataria na Amazônia

Insegurança. Talvez esta seja a palavra que melhor defina o município de Breves, no Pará, segunda parada do rally transamazônico Iles du Soleil.

Segundo a Polícia Militar, a cidade está localizada na zona vermelha do estado e sobrevive, basicamente, graças ao Fundo de Participação dos Municípios. Porém, hoje, Breves atravessa uma nova crise. Com o fechamento de boa parte das madeireiras ilegais existentes na região, muitas pessoas ficaram desempregadas e, sem qualquer perspectiva de futuro, gente como José da Silva* entraram na criminalidade.

José conta que se deixou levar pelo que ele chama de “circunstâncias da vida”. Aos 21 anos, é pai de três crianças e a esposa de 19 está grávida do quarto filho do casal. Diz que já fez de quase tudo. Plantou açaí, criou galinha, vendeu peixe na feira, mas foi trabalhando em uma madeireira que conseguiu juntar algum dinheiro. Com o pagamento que recebia da extração ilegal de madeiras nobres, comprou um pequeno barco e intensificou os negócios. Mas, aos poucos, o cerco foi apertando e ele se viu encurralado. “O IBAMA [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente] estava na minha cola. Era chave [cadeia] ou fugir. Não tive dúvida, fugi”, revela.

José passou seis meses foragido. Quando voltou para Breves, um conhecido lhe fez uma proposta. “Dinheiro fácil. Me chamaram para ser pirata. E estou nessa vida há um ano”, confessa.

Pirataria é um termo bastante conhecido no Brasil, mas ao contrário do que acontece em outras regiões do país, no Pará, não significa copiar ilegalmente produtos (CDs e DVDs) já patenteados por outras empresas. “Aqui, pirata é o indivíduo que ataca as embarcações que cruzam o rio e saqueia as mercadorias”, explica Josafá Pereira Borges, coronel da Polícia Militar.

De acordo com dados da polícia local, em 2006, foi registrada uma média de 60 assaltos por mês a embarcações. Um número que justifica a sensação de insegurança entre os marinheiros locais. “Graças a Deus nunca fui assaltado por piratas. Mas, se acontecer, o que eu posso fazer? O jeito é deixar que levem tudo e rezar para não morrer”, diz Olivar Isacksson dos Santos.

O coronel Borges conta que outro agravante é a falta de estrutura e contingente policial para garantir a segurança da população. “Atualmente, Breves conta com um efetivo de 90 policiais. Levando em consideração que são aproximadamente 90 mil habitantes na cidade, é só fazer as contas e perceber que é um policial para cada mil pessoas”, desabafa.

Segundo ele, o jeito é trabalhar na base do improviso. “Temos uma lancha aqui que, devido a potência do motor [60 km/h], inibe a atividade dos piratas na região. De qualquer modo está parada há seis meses. Desde de dezembro esperamos uma peça do motor chegar de Belém, mas até agora nada. Aí, temos que correr atrás de bandido bem estruturado, usando os barquinhos locais. Sem dúvida, a falta de estrutura é nosso pior inimigo”, desabafa.

Inimigo de uns, amigo de outros. Enquanto a polícia trabalha com recursos insuficientes, a pirataria dá exemplo de profissionalização. A reportagem conversou com alguns funcionários das balsas que costumam navegar pelos rios paraenses e, sob a condição de não ter o nome revelado, um deles garantiu que, muitas vezes, os assaltos fazem parte de uma espécie de conchave. Um acordo entre piratas e donos de embarcações, onde os piratas ficariam com a mercadoria “roubada” e os proprietários das balsas com o dinheiro pago pelas seguradoras.

A fonte afirma ainda que, a depender do conteúdo da carga adquirida, os produtos são vendidos para empresários da região a preço de banana e que depois são revendidos para a população como produtos legais.

* O nome da fonte foi preservado.

sábado, 22 de março de 2008

Ao Sr. Alcides Ferreira da Silva e Família

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Arielson, Ariene, Andressa e Andrei são filhos da Raimunda. A Raimunda é casada com o Antônio que é irmão do Sebastião, do João, do Zé, da Maria, da Carmelita, da Jussiene e da Roquelene, que são filhos da dona Anacleta, que é casada com o ‘seo’ Alcides.

Juntos, eles formam a tradicional família ribeirinha. Muitos filhos, vários irmãos. E, assim como os avós, mantém a tradição de nascer, crescer, trabalhar, engravidar, votar e morrer.

“Sonhos?”, pergunto.

“Saúde, moço”, respondem.

texto e fotos: Pedro Campos

Ribeirinhos

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fotos: Pedro Campos

terça-feira, 18 de março de 2008

Primeira parada do rally transamazônico

Foi dada a partida. No relógio, os ponteiros marcam 14:09 e, por recomendação da organização, nenhum barco se arrisca a içar as velas até segunda ordem. Pelo rádio VHF, o presidente do Iles du Soleil, Patrick Hébel, orienta os 32 veleiros para que tenham cuidado. O receio de que os troncos arrastados pela correnteza afetem o casco das embarcações é evidente e qualquer acidente colocaria em risco toda a programação do rally. Aos poucos, a flotilha vai se alinhando ao sabor das correntes da Baía do Guajará e o Iles du Soleil se despede de Belém.

Um dos coordenadores do evento, Emílio Russell, informa que aproximadamente 15 horas separam a capital paraense – ponto de partida – do município de São Sebastião da Boa Vista, primeira parada do rally transamazônico. Por isso, uma escala foi programada. “Por uma questão de segurança, não navegamos a noite. Vamos ancorar na região de Cotijuba [ 5 h de Belém] e, antes do sol nascer, zarpamos para São Sebastião da Boa Vista”, afirma Russell.

Assim foi feito. Após quase vinte horas de viagem, atravessar a Baía do Guajará e de cruzar boa parte da Baía do Marajó, o Iles du Soleil aportou no domingo, 16, em São Sebastião da Boa Vista. Localizada às margens do rio Pará, o humilde município de aproximadamente 20 mil habitantes recebeu os velejadores europeus com olhares curiosos, sorrisos e muitas fotos clicadas pelos moradores que compareceram ao trapiche municipal.

De acordo com o prefeito da cidade, Laécio Rodrigues Pereira, além do intercâmbio cultural, o rally é uma boa oportunidade de aquecer a economia da região. “Nosso município vive basicamente da pesca e da agricultura de subsistência. Sem dúvida, o capital injetado pelos turistas vai mexer diretamente com a vida da população”.

A flotilha permanece em São Sebastião da Boa Vista até a próxima quinta-feira, 20, quando os velejadores levantam âncora e seguem rumo a cidade de Breves, Marajó, segunda escala do rally transamazônico Iles du Soleil.
texto e foto: Pedro Campos

sábado, 15 de março de 2008

Foi dada a largada

Unidos pela vontade de navegar durante dois meses pelo rio Amazonas, cerca de cem velejadores europeus se reuniram, em Belém, na noite de sexta-feira, 14, para celebrar o início 8° edição do rally transamazônico Iles du Soleil. A festa contou com boas doses de capirinha ao som do carimbó, além da apresentação de grupos regionais.

Neste sábado, 15, a flotilha levanta âncora e inicia a aventura de percorrer quase dois mil quilômetros do rio Amazonas. “Estou muito ansioso. Não vejo a hora de conhecer melhor a cultura deste povo tão hospitaleiro”, afirma o velejador francês Christian Gaffé.

Para Lúcia Penedo, secretária de Esporte e Lazer do Pará, o rally deve movimentar cerca de R$ 1,5 milhões durante o período em que os participantes navegam na região amazônica. “Além de aquecer a economia dos municípios por onde passa, o Iles du Soleil ainda funciona como um cartão postal para futuros turistas náuticos que acompanham o evento”, acredita.
Texto e foto: Pedro Campos

sexta-feira, 14 de março de 2008

Açaí na veia


No cacho, no colar ou no sorvete. Na tigela, com peixe, charque ou camarão. No Pará, o açaí é quase uma unanimidade. Por aqui, há quem jure que nunca passou um dia sem desfrutar desta peculiar iguaria. Também pudera, uma pesquisa realizada pelo Governo do Estado constatou que os paraenses consomem mais litros de açaí que de leite.

Uma paixão estampada a cada esquina. Nas ruas de Belém, basta olhar para os lados para se deparar com as habituais barraquinhas de açaí. Qualquer tipo de requinte ou indícios de higiene ficam por conta da sua imaginação. A especialidade da casa não faz rodeios. É açaí com farinha e pronto.

“Sou doido por esse negócio. Passo mal se faltar açaí no meu sangue. É açaí na veia, moço”, conta o bibliotecário Herinton Wenceslau.

A verdade é que esta fruta nativa e exclusiva da região amazônica há séculos já fazia parte da dieta dos primeiros moradores daqui. No Museu do Encontro, pode-se observar diversas ferramentas utilizadas pelos índios para colher e moer ao danado.

Passado os anos, o açaí caiu no gosto popular e, aos poucos, vem rompendo barreiras culturais e geográficas. Com o passar dos anos, o que era comida de índio, agora, representa o Brasil em paises da Europa e Ásia.

“Provei açaí pela primeira vez em Tóquio. Vê se pode? Mas confesso que o daqui tem um sabor bem diferente. É mais forte”, revela a estudante belga Anna Muller.

Legítimo açaí

Tomei coragem e fui provar o famoso açaí paraense. Ao contrário do que é vendido em outras regiões do país, essa iguaria do norte é servida com farinha, açúcar e, geralmente, acompanhada de uma boa posta de peixe frito.

Sabendo disso, ao meio dia, levantei âncora e zarpei em direção à Feira do Ver-o-Peso, a Meca da culinária regional. Tem de tudo. De maniçoba e a pato no tucupi [suco extraído da mandioca].

Chegando lá foi só escolher a barraca e fazer o pedido. O açaí [na verdade, o suco dele] fica exposto aos olhos dos clientes e, segundo Lídia Campos – que vende açaí na feira há 35 anos, “é para comprovar a qualidade do produto”.

Metodologia que funciona e se reflete no bolso da maioria dos feirantes. Dona Lídia conta que foi com o dinheiro da venda do açaí que educou sozinha os três filhos. “ Graças ao açaí que tenho casa e comida”, afirma.

Eis então que o santíssimo chegou. Tudo como manda o figurino: R$ 5 na mão, servido no balcão, com farinha, peixe e açúcar. Olhei para o lado e resolvi copiar. Taquei açúcar...despejei ½ quilo de farinha d’água... catei o peixe.... e pow! Guela abaixo.
Texto e fotos: Pedro Campos

quinta-feira, 13 de março de 2008

Theatro da Paz


Conhecer o Theatro da Paz, em Belém, é voltar no tempo e passear pela história do norte do país. O piso rico em detalhes e as colunas de mármore importado da Itália refletem bem o poder econômico dos barões da borracha da época.


Fruto da vaidade incontida dos ricos fazendeiros da região, a obra durou cinco anos [1869 a 1974] para ser concluída e foi toda inspirada no imponente teatro Scala, de Milão. Mas por conta de disputas políticas só foi realmente inaugurado em 1878, com o espetáculo As Duas Órfans, da companhia de teatro do ator pernambucano Vicente Pontes de Oliveira.


Pelos tablados do Theatro da Paz já passaram, também, grandes nomes do cenário artístico nacional e internacional. Paulo Autran, Fernanda Montenegro e a bailarina russa Anna Pavlova são algumas das estrelas que compõem esta constelação.


Durante o auge da borracha no Brasil [final do século XIX], a casa de espetáculos serviu também como cenário de diversas atividades culturais que aconteciam na cidade. Entre tantas, destacam-se os habituais sarais de poesia, exposições e os tradicionais bailes.


Com a decadência dos barões da borracha [1910], o teatro atravessou inúmeras crises e sofreu outras tantas reformas. Agora, passados 130 anos desde que foi inaugurado, o Theatro da Paz revive o passado glorioso.



Texto e fotos: Pedro Campos

Mangal das Garças

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O Mangal das Garças é uma verdadeira reserva ecológica urbana. Criado há cerca de três anos, fica localizado às margens do rio Guamá, em pleno centro histórico de Belém. E não é preciso percorrer todos 42 mil m2 que compõem o parque para entender o porquê deste nome. 

Ali, os engenheiros tentaram reproduzir ao máximo o ecossistema do Pará. Para isso, um grande lago foi construído e toda vegetação de várzea, característica das zonas ribeirinhas, foi instalada no lugar. 

Outro destaque, é grande quantidade de pássaros que habitam o local. Entre garças, patos e guarás (ave avermelhada), ainda pode-se encontrar algumas espécies ameaçadas de extinção, como o mutum cavala e o colhereiro.

Há também quem se apaixone pelo borboletário, onde aproximadamente dez coloridas espécies de borboletas fazem a festa dos turistas e dão ainda mais charme ao Mangal. 

Dica: A torre instalada no centro do Magal das Garças oferece uma visão de 360º da capital paraense. Boas fotos!

Vai lá: Praça Carneiro da Rocha, s/n, (ao lado do Arsenal da Marinha)


texto e fotos: Pedro Campos


segunda-feira, 10 de março de 2008

Feira do Ver-o-Peso

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Piquiá, tucumã, urucu, abricó, cupuaçu, patchuli e cupaíba. Em Belém [PA], basta um rápido passeio pela tradicional Feira do Ver-o-Peso para entender por que tantos paises desejam a internacionalização da Amazônia.

Ali, o colorido das frutas nativas se mistura com uma quantidade espantosa de ervas medicinais e atrai todos os anos pesquisadores nacionais e, principalmente, internacionais para a região amazônica.

A Feira do Ver-o-Peso é considerada uma das maiores a céu aberto da América Latina, onde pode-se encontrar elementos representativos da cultura paraense. O local recebeu este nome graças à necessidade que os antigos fregueses tinham de conferir o peso das mercadorias. Aos poucos, a expressão ganhou ares de substantivo e a feira se tornou parada obrigatória tanto para a população local quanto para os turistas que visitam Belém.

É neste paraíso da biodiversidade que grandes laboratórios realizam pesquisas em busca de substâncias que serviram de matéria prima para remédios, vacinas e inúmeros produtos de beleza vendidos por todo o mundo.

Um bom exemplo disso é o caso da Natura, companhia que atua no setor de cosméticos. A Natura compra das comunidades ribeirinhas quase todo o patchuli produzido na região. A erva de aroma marcante, hoje, é usada pela empresa para fabricação de perfumes, cremes e sabonetes.

Mas o que faz sucesso mesmo são as populares garrafadas. “Dor de cabeça, gastrite, diabetes, pressão alta, dor de amor e até levanta defunto [viagra], o que vier a gente cura. Se não resolver é por que o negócio não tem jeito”, garante Nazaré dos Santos, 72, que trabalha na feira desde os 15 anos.

Dona Nazaré aprendeu a com a avó as famosas receitas milagrosas, mas lamenta que nenhum dos seis filhos se interesse pelo assunto. Assim, aos poucos, o conhecimento que é passado de geração para geração vai se perdendo com o decorrer do tempo.

“O que me deixa mais triste mesmo é saber que tudo o que eu sei um dia vai cair nas mãos de laboratórios estrangeiros e o povo que mal tem dinheiro para comer não vai ter como curar uma simples dor de cabeça”, lamenta dona Nazaré .

Vai lá: Feira do Ver-o-Peso, Cidade Velha.

texto e fotos: Pedro Campos

Forte do Castelo

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Outro lugar de tirar o fôlego em Belém [PA] é o Forte do Castelo. Localizado ao lado da Casa das Onze Janelas [post anterior], esta edificação foi construída em 1697 e, hoje, abriga um dos mais interessantes museus da cidade.

O Museu do Encontro recebeu este nome por que nele estão expostas peças da cultura indígena e achados bélicos usados pelos portugueses na época da colonização.

No quesito vista panorâmica, o Farol do Castelo também dispensa comentários. Assim como na Casa das Onze Janelas, todas as tardes, o lugar é testemunha de um belíssimo espetáculo. O pôr-do-sol é fantástico.

Vai lá: Praça Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha.

texto e fotos: Pedro Campos

Casa das Onze Janelas

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Construído no início do século XVII, o antigo Hospital Militar e ex-quartel do exército, em 2001, deu lugar ao Espaço Cultural Casa das Onze Janelas.

Localizada na praça Frei Caetano Brandão, hoje, abriga um belo museu com expressivas obras de artistas locais e nacionais, além do badalado restaurante Boteco das Onze Janelas.

O lugar é perfeito também para os corações mais apaixonados. O pôr-do-sol sobre a Baía do Guajará, visto da charmosa varanda que circunda a casa, é indescritível.

Curiosidade: O espaço recebeu este nome graças aos janelões [sic] que compõem a fachada da casa.
Vai lá: Praça Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha.

texto e fotos: Pedro Campos

domingo, 9 de março de 2008

Soure - Belém

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Fotos: Pedro Campos

Iles du Soleil chega a Belém


Sob a benção dos primeiros raios de luz da manhã, os 32 veleiros que integram a flotilha do rally Iles do Soleil levantaram âncora neste sábado, 8, e zarparam em direção a Belém [PA].

A viagem que durou cerca de oito horas seguiu tranqüila até a chegada a Baía do Guajará, Belém. De acordo com a organização do evento, devido a escassez de ventos mais fortes as velas não foram içadas e os 35 barcos que participam do rally transamazônico concluíram todo percurso apenas movidos pelo motor.

Na chegada a capital do Pará, os velejadores foram saudados com uma bela queima de fogos. “Fiquei emocionado. É muito bom saber que somos bem-vindos”, disse o suíço Bernard Kopernic.

Ponto de Partida
Durante os oito dias que permaneceram na cidade, os velejadores europeus devem aproveitar para conhecer um pouco das belezas naturais e culturais que a capital das mangueiras oferece. “Estamos ansiosos para colocar a mochila nas costas e desbravar este lugar”, brinca o francês Christian Gaffé.

Ansiedade que se reflete positivamente na economia do estado. Segundo dados divulgados pela organização do evento, caucula-se que cada tripulação gasta uma média de R$ 400 por dia com alimentação e passeios. Quem parece estar muito feliz com isso é o taxista Alex Brito. “Este é o terceiro ano que acompanho a passagem do rally por Belém. E como sei que eles têm dinheiro para gastar não perco a chance. Faço plantão na porta do hotel-marina onde eles estão instalados e só arredo [sic] o pé de lá quando vão embora [risos]”, conta.

De acordo com a Secretaria de Esporte e Lazer do Pará (SEEL), na edição anterior, quando eram apenas 20 barcos, os velejadores depositaram aproximadamente R$ 1 milhão na economia estado durante os dois meses que navegaram pelas águas da região.

texto e foto : Pedro Campos

quinta-feira, 6 de março de 2008

Programa de índio

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Manhã úmida de uma quinta-feira cor de chumbo que nem de longe ameaça parar de chover. Enquanto lá fora um verdadeiro manancial despenca do céu do Pará, me junto a um grupo de 13 velejadores que participa do Rally Iles du Soleil. Nos encolhemos para tentar nos protegermos da chuva que insiste em não respeitar o espaço alheio. A essa altura - embalados num saco de mercado - câmera, lap-top e jornalista são uma coisa só.

O destino: conhecer uma das mais tradicionais fazendas de búfalo do arquipélago do Marajó. Criada há mais de um século, a Fazenda do Carmo Camara de Arlete se abriu para o turismo. "Coisas do acaso", despista Cláudio Monard que, junto com a esposa, Circe Dias, administra o local.

A verdade é que o lugar se tornou um dos destinos mais procurados pelo turismo internacional. Também pudera, para quem vive na correria da selva de concreto, grilos e cigarras compõem a sinfonia do cenário perfeito.

Por outro lado, durante passeios como esses, é sugestivo a situação decadente da fauna na Amazônia. Durante duas buscas para observar os animais, apenas pássaros, algumas cobras, macacos e dois pequenos jacarés foram avistados. Talvez seja um triste reflexo da ocupação deseordenada na floresta que é responsável por 20% do oxigênio do planeta.


Texto e fotos: Pedro Campos

Enquanto isso...


... a molecada segue a rotina mansa na casa do boiadeiro.
Foto: Pedro Campos

quarta-feira, 5 de março de 2008

Barra Velha e Praia do Pesqueiro, vai lá!


Quando vier a Soure não deixe de curtir algumas belezas naturais que o arquipélago do Marajó reserva. Há poucos minutos do centro de Soure, dois paraísos quase intocados pelo homem estão a sua disposição.

De areia clara e água quente, são duas praias praticamente desertas, onde dá para contar nos dedos quantas pessoas vão dividir esses oásis com você.

Primeiro, vá a praia da Barra Velha. Uma mistura de mangue, floresta tropical e praia do sul da Bahia. O lugar ideal para pensar na vida e colocar a cabeça em dia. Aproveite a oportunidade e prove de um dos melhores peixes da ilha. Peça o filé de filhote....uma covardia a preço de banana. O prato para duas pessoas sai por R$12,00.

Dê um intervalo entre uma praia e outra, e aproveite para conhecer melhor o artesanato marajoara. Com tantos símbolos e signos, vão te levar a uma verdadeira viagem através do tempo e te conectar com os primeiros habitantes do arquipélago.

Depois toque o barco [sic] em direção a praia dos Pesqueiros. Fica um pouco mais distante do centro de Soure, mas vale a pena. O cenário de praia deserta se mistura com um belo manguezal, onde moradores locais vão te apresentar ao Turú. Uma larva que vive nas raízes do mangue e tem poderes afrodisíacos, mas deixe de preconceito de lado e faça um esforço. Prove! Tem gosto de ostra... Pode ser servido cru ou cozido - ensopado, frito ou assado.

Dica: Use os serviços do moto-taxi. Não tem erro: 91-3741.1170

texto e fotos: Pedro Campos

terça-feira, 4 de março de 2008

Um pouco de prosa

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Fotos: Pedro Campos

segunda-feira, 3 de março de 2008

Atividade náutica movimenta Soure



Diversão, responsabilidade e aventura. Sobre o leme, apenas um compromisso: aproveitar a diversidade cultural de cada lugar do passeio.

Não estamos falando de um sonho impossível ou de um filme do Godard. Trata-se de uma doce enrascada que cerca de 100 pessoas se meteram quando resolveram participar do Iles du Soleil. Um evento náutico completamente diferente das habituais regatas de competição. Até porque, para esses velejadores chegar em primeiro lugar só tem um ponto positivo: ter mais tempo para curtir junto com a família e os amigos alguns dos lugares mais bonitos do planeta. O melhor ranking da competição não entra em questão.

Foi em busca de aventura que os 34 veleiros inscritos no evento aportaram na Bahia em dezembro de 2007. Logo em seguida, subiram a costa brasileira, tendo como escalas oficiais locais como Fernando de Noronha [PE] e Cabedelo [PB]. Agora, após três meses viajando pelo litoral, o evento tem pela frente um novo desafio: percorrer cerca de mil quilômetros do rio Amazonas.

Para isso, escolheram o hospitaleiro município de Soure como porta de entrada no estado do Pará. “Gostamos tanto do tratamento que recebemos da população local e da cultura da região, que há oito anos Soure funciona como a concentração de todos os veleiros que participam do rally transamazônico”, diz Emílio Russell, um dos organizadores do evento.

A partida está marcada para sábado, dia 8, e dá início a última etapa da passagem de aproximadamente quatro meses destes velejadores internacionais pelo Brasil. Metade deste tempo corresponde ao período que a flotilha navega pelas águas do rio Amazonas.

“É com muita satisfação que recebemos o Rallye Iles du Soleil aqui em Soure. Pois além de termos a oportunidade de divulgar a nossa cultura para pessoas de países tão diferentes, a vinda destes turistas mexe bastante com a economia do município”, revela a secretária de turismo, Heloísa Martins.

Economia - Quem sentiu no bolso os primeiros efeitos desta legião de estrangeiros na cidade foi Eunice Leal dos Santos – dona do restaurante Patú-Anú – que, em apenas uma semana de estadia do rally, já faturou o equivalente a dois meses de trabalho. “Tenho motivo para sorrir a toa. Espero o ano todo pela chegada deles [os velejadores] por aqui. Dá gosto ver o restaurante assim”, diz satisfeita.

Mãe de três filhos, a marajoara Edilza Jerônimo também comemora a chegada do rallye. Desempregada há três anos, Edilza foi contrata como garçonete para ajudar nos dias de movimento intenso. “Acho que nunca trabalhei tanto. Hoje, posso dormir tranqüila por que sei que não preciso me preocupar com o que meus filhos vão comer amanhã. Dá gosto de ver o povo lotando o restaurante e o dinheiro entrando no bolso”, brinca.

De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Esporte e Lazer do Pará, na edição anterior, quando eram 20 veleiros inscritos, calcula-se que os participantes gastaram aproximadamente R$ 1 milhão. “Fizemos as contas e verificamos que cada veleiro gasta uma média de R$ 400 por dia apenas no setor de serviços, o que é uma maravilha para uma cidade que vive basicamente do Fundo de Participação dos Municípios. Se conseguirmos nos estruturar, podemos aproveitar o gancho do rallye para impulsionar o turismo no arquipélago do Marajó e, assim, transformar a cara das comunidades ribeirinhas do Pará”, afirma Augusto Barros, assessor da Secretaria de Turismo.

Texto e fotos: Pedro Campos

domingo, 2 de março de 2008

Caia now

Em Soure, há um ditado que, até o anoitecer deste domingo, não tinha levado muito a sério. Por aqui, as pessoas costumam encher o peito e soprar aos quatro ventos a seguinte prosa: "Soure tem apenas duas estações por ano. Em uma, chove todo dia. Na outra, chove o dia todo".

E o pior, meu velho. É verdade. Essa é uma característica do clima equatorial úmido. Faz 48 horas que não pára de chover na capital do Marajó. São dois dias de muita água na cabeça e nada, nem sinal de céu azul.

Mas... como na minha terra dizem que "quem tem .., tem medo", resolvi me adaptar. Parte desta empreitada quase subaquática você acompanha nas fotos abaixo. Cuidado para não se molhar.

Texto: Pedro Campos

48h de chuva em Soure

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Fotos: Pedro Campos

Carimbó

Além das iguarias exóticas [conheça o tacacá] e frutas típicas, como o açaí e a carnaúba, peculiaridades sonoras dão ritmo especial à Ilha do Marajó. Em Soure, primeira escala do rally Iles du Soleil no Pará, nada mais legítimo que ir as ruas prestigiar uma bela apresentação de carimbó, a dança típica da região.

Herança dos primeiros moradores da ilha, o carimbó é o resultado da miscigenação de portugueses, índios e negros. Um verdadeiro balé de cores vivas, dançado ao som de músicas percussivas que exaltam a vida dos marajoaras com narrativas sobre as dezenas de lendas fascinantes que dão tanto charme ao local. Tambor, palmas e flauta compõem o carimbó.

Separados em fileiras, os homens dançam para seduzir as mulheres. Assim como o boto. Nos rios da Amazônia, reza a lenda, que o boto se transforma num belo rapaz e sai das águas para conquistar as moças. Em noite de lua cheia, as mulheres com regra, não tomam banho nos igarapés. Quem desafia, corre sério risco de ficar grávida do peixe mais famoso da Amazônia.

foto: Pedro Campos

sábado, 1 de março de 2008

O tal do tacacá

- Tu nunca comeste tacacá, não? Pai d'égua, moço!


Feito o desafio, fui provar o tal do famoso tacacá. Por aqui, essa é uma iguaria que você não pode deixar de experimentar. Aliás, se fizer tal heresia merece a forca e pode esquecer as 500 fotografias tão sonhadas da Ilha do Marajó. Sem tacacá, tu não veio ao Pará, prega a tradição.

Mas continuando... o tacacá é um prato típico dessa região e seu potencial nutritivo é levado muito a sério pelas pessoas daqui. Moradores antigos acreditam que a iguaria era utilizada pelos índios antes das batalhas. O cabra que prova o caldo suculento fica um pouco, digamos... mais entusiasmado, entende?

Pois bem. Para fazer o legítimo tacacá marajoara siga passo a passo as instruções da Dona Iolanda, quituteira do que há de melhor no Marajó. Nos conhecemos nesse primeiro dia de viagem.

- Pega a cuia, bota o tucupi [caldo amarelado que sai da mandioca depois de fervida por horas e mais horas]. Depois a goma, camarão e jambu [uma folhinha verde que tem poderes anestésicos e faz a boca do cidadão tremer]. Mas tem que ferver direito. Quando estiver bem quente, tempera com sal e pimenta a gosto. E pronto. Divirta-se.

Texto e fotos: Pedro Campos

Belém-Soure

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Fotos: Pedro Campos

...deitar na rede e comer tacacá

Enfurnados dentro de uma balsa - estilo ferry-boat - que as pessoas por aqui insistem em chamar de navio, uma senhorinha de 65 anos me olhava atravessado por quase duas horas. Aparentemente, ela não entendia bem o porque de um cara meio amarelo como eu ficar se pindurando [sic] para fora do barco, no meio da chuva, com uma câmera na mão.

"Meu filho, das duas, uma: ou tu vai morrer de chuva ou de doidura", disse ela.

"Mas isso é lindo", exclamei.

"Lindo? Lindo é essa água passar, chegar em casa, deitar na rede e comer tacacá. Juízo, meu filho. Juízo!", ponderou

Texto: Pedro Campos

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Agulha neles

Não tem para onde correr. No norte do Brasil, a coisa é séria. Não adianta choramingar as podres pitangas que lhe restam, mas se você resolver passar uns dias na floresta mais adventure da história uma boa agulhada te espera. É a tal da vacina contra a febre amarela. E acredite, meu caro. Esta pequena dose pode salvar sua vida.

Para se ter uma idéia da seriedade do problema, até fevereiro deste ano, o Ministério da Saúde confirmou a morte de 23 pessoas vítimas da febre amarela. Um número que parece pequeno diante de uma população de quase 190 milhões de habitantes, mas que expressa a carência de políticas de prevenção a doenças que só existem num lugar do mundo – a zona equatorial.

De acordo com reportagem publicada no jornal Folha de S. Paulo no dia 23 de fevereiro, pelo menos outras 30 pessoas estariam infectadas pela doença, mas não vieram a óbito.

Outro fato interessante é que o boom da febre amarela gerou uma verdadeira corrida armamentista aos postos de saúde. A demanda foi tanta que hoje é difícil encontrar vacina com facilidade. Mas não desista, corra para um dos postos da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e tome sua dose.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

VAMO QUE VAMO [sic]

Em 1971, uma numerosa equipe de jornalistas e fotógrafos trabalhou mais de um ano para fazer esta edição histórica da revista Realidade. Passados 37 anos deste marco do jornalismo brasileiro, o Veleiro Repórter aporta nas águas escuras do rio Amazonas para documentar um dos eventos náuticos mais cobiçados pelos velejadores internacionais – o rally Iles du Soleil.

Nos próximos dois meses, vamos percorrer cerca de mil quilômetros pelo maior rio do planeta na companhia de 36 barcos e pessoas de mais de 12 paises. Uma aventura com direito a cenários ainda intocados pelo homem e muitas histórias que começam a ser contadas a partir de agora.

Embarque conosco nesta aventura. Bem-vindo a bordo, meu velho!